As metas do governo para o Programa Espacial Brasileiro podem não sair do papel. O alerta é do fundador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Fernando Mendonça. Com a aposentadoria de pesquisadores, a redução no quadro de profissionais põe em risco a execução de diversos pontos da política brasileira.
Até 2020, o instituto pretende lançar oito satélites para a observação da terra e a realização de pesquisas astrofísicas. “Com essa carência [de pesquisadores] o Inpe vai entrar em decadência”, lamenta o ex-diretor. Mendonça reconhece que houve um grande investimento feito nos últimos anos para a compra de equipamentos. “Parece que é mais fácil comprar máquina do que formar pesquisadores”, disse.
No instituto, a situação é reconhecida. O Plano Diretor do Inpe (2011-2015) deixa claro que o órgão “está comprometido pelo grande número de aposentadorias potenciais nos próximos anos e por uma década sem a incorporação significativa de novos servidores ao quadro permanente”.
Desde 2006, o número de funcionários fixos está em queda. O efetivo em 2010 era o menor em duas décadas. “Em 1989, o Inpe tinha 1,6 mil servidores, sendo apenas 50 com mais de 20 anos de serviço. Passados 20 anos, somos apenas 1.070 servidores, dos quais só 300 têm menos de 20 anos de casa”, acrescenta o Plano Diretor.
Convidado para assumir a presidência da Agência Espacial Brasileira (AEB), o físico José Raimundo Braga Coelho lembrou que Inpe em mais de duas décadas contratou apenas um engenheiro do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o principal centro de formação de pessoal para atividades aeroespaciais. “Desde 1989, houve engessamento dos institutos de pesquisa. As pessoas vão se aposentando sem ter reposição”, recorda Coelho que hoje comanda o Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP).
Caso assuma a AEB, José Raimundo Coelho poderá comandar também o Inpe. A pasta já anunciou o desejo de vincular os institutos e centros de tecnologia as suas secretarias e agências de acordo com os temas. Neste caso, o Inpe será ligado à AEB. Até junho, o MCTI deve lançar um edital de concurso público para preencher 832 vagas no ministério e nos seus 18 institutos e centros de tecnologia.
O Inpe é uma instituição associada à ABIPTI.
Para saber mais sobre o Inpe acesse o site www.inpe.br.
(Com informações da Agência Brasil)