Para ampliar a escala dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Amazonas, o governo estadual planeja propor alterações no Processo Produtivo Básico (PPB). A ideia foi apresentada na última quinta-feira (1º), pelo governador do Estado, Omar Aziz, durante o fórum conjunto dos conselhos nacionais de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti) e das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), realizado em Manaus (AM).
“Noventa e nove por cento das empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM) não investem um tostão em P&D, o que é obrigatório quando se aprova o PPB”, afirmou. Dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) apontam que de janeiro a setembro deste ano, o PIM faturou US$ 30,1 bilhões.
De acordo com ele, esta é uma das metas para 2012 e a proposta será levada ao novo chefe da Suframa, assim que ele seja escolhido. “Vamos fazer essa mudança. As empresas terão a obrigação de investir em P&D dentro do Estado porque é aqui que elas ganham dinheiro”, disse.
Na avaliação de Aziz, a utilização dos recursos naturais com sustentabilidade requer fortes investimentos na produção e transformação de conhecimento e o objetivo desta iniciativa é dar uma alternativa econômica para a população usufruir das riquezas da floresta. “Da mesma forma que colhemos borracha hoje, se colhia há 100 anos. Vamos investir em projetos que possam ter valor agregado na ponta e que possam gerar emprego, renda e negócios no interior do Estado”.
Os avanços registrados em ciência e tecnologia no Amazonas nos últimos anos são significativos. Para se ter uma ideia, o número de doutores passou de 460 em 2002 para 1,5 mil neste ano, uma alta de 226%. Entretanto, na opinião do secretário de Ciência e Tecnologia do Estado e presidente do Consecti, Odenildo Sena, o bom desempenho não é suficiente para responder ao desafio de gerar conhecimento na maior biodiversidade do planeta.
“O governo do Estado tem feito a sua parte, investido em pesquisa e na formação de recursos humanos. Mas, é preciso uma ação conjunta com o governo federal para acelerar a produção de produtos e de riqueza. Só com a geração de conhecimento teremos condições de preservar a Amazônia”, destacou. “Os indicadores de ciência no Amazonas têm crescido percentualmente num nível maior do que no restante do Brasil, demonstrando que a questão da desconcentração tem acontecido”, completou Mário Neto Borges, presidente do Confap.
Também está nos planos do governo amazonense construir uma cidade universitária, com a oferta de todos os cursos da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e de um alojamento para dois mil estudantes. “Quem conhece o Estado sabe das distâncias e das dificuldades. Se a gente não tem condições de levar esse conhecimento para os municípios, vamos trazer esses estudantes para dentro da universidade”, completou o governador.
(Cynthia Ribeiro para o Gestão C&T online)